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Voltar14/04/2022
Quem tem 50 anos ou mais vai
lembrar do saudoso Abelardo Barbosa, mais conhecido pela alcunha de Chacrinha,
que em seu programa de televisão vespertino, aos sábados, costumava pegar uma
peça inteira de bacalhau e fazer a pergunta que está lá no título para sua
plateia que, frenética, respondia “eu” em uníssono. Ele ameaçava jogar o
bacalhau pra cá e pra lá, provocando uma algazarra de gritos acompanhada de
braços estendidos até ele jogar a peça de bacalhau para ser disputada pelas
pessoas presentes. O bacalhau era, sem dúvida, uma das estrelas do programa,
assim como é a estrela desta semana. Por
exemplo, basta começar a semana santa para que os telejornais venham com a
famosa reportagem sobre o preço do bacalhau. Repórteres falando direto de
mercados públicos e supermercados mostrando a iguaria exposta e os cartazes com
os preços enquanto entrevistam os consumidores que, geralmente, falam duas
frases com pequenas variações: “tá caro, né?” ou “esse ano tá pela hora da
morte”. É batata (que aliás é uma bela companhia para o bacalhau), nunca falha.
É uma das reportagens que se repetem ano sim e outro também, assim como a do
primeiro bebê a nascer no ano que começa.
Este que vos escreve ficou
estupefato ao saber disso enquanto pesquisava material para escrever este
texto. O bacalhau é uma denominação que abarca várias espécies de peixes,
afeitos ao processo de salga com que são conservados. A espécie tida como o
bacalhau mais nobre, e, portanto, o mais caro, é o Gadus morhua, que vive no
Atlântico Norte, principalmente nas águas geladas da Noruega. Pois é, o bicho
vive na Noruega, mas é conhecido aqui como bacalhau do Porto. Calma! Mais
adiante a gente fala sobre esse assunto. Ainda existem outras espécies que também
dão ótimos “bacalhaus” e por um preço um pouco mais baixo, como o Gadus
macrocephalus, ou bacalhau do Pacífico, e o Gadus ogac, ou bacalhau da
Groenlândia. Uma dica para a hora da compra: existem peixes salgados que não
podem ser vendidos como bacalhau. Nesse caso devem ser “peixe salgado tipo
bacalhau”. É o caso do Pollachius virens (Saithe), do Ophiodon elongatus (Ling)
e do Brosmius brosme (Zarbo), que saem a preços bem mais em conta.
Quem começou esse processo
de salga para conservação do Gadus
morhua foram os Vikings que, como sabemos, eram navegadores natos. Mas a
iguaria se espalhou pelo mundo na chamada época dos descobrimentos, através das
naus portuguesas. O bacalhau era uma perfeita fonte de proteínas para os
marinheiros que passavam meses navegando até atingirem os destinos. Aliás, por
causa desse uso, o bacalhau era considerado um prato para pobres em Portugal.
Algo inimaginável de se pensar nos dias de hoje, em que a iguaria tem um preço
tão salgado quanto ela mesma. Como prometemos acima, vamos esclarecer porque o
mais nobre bacalhau é chamado de Porto, uma vez que o bicho vive em águas
norueguesas. Na verdade, não é nada demais, já que a cidade, que era importante
posto de comércio, fica no norte de Portugal e, portanto, ali se concentrou a
chegada e distribuição do bacalhau para o resto do mundo.
A palavra rei não está aí
por acaso. Afinal, o bacalhau foi introduzido em nosso país com a vinda da
família real, em 1808. A iguaria era uma das poucas que podia ser trazida de
Portugal sem problemas, pelo seu método de conservação que, como já dissemos, era
perfeito para navegações longas. Mas àquela época o bacalhau vinha
exclusivamente da matriz e, por isso, as quantidades que chegavam aqui eram
mínimas. Ora, por ser um produto raro em nossas terras, o seu custo o fez
passar de prato de pobre em além-mar para prato nobre. E por serem os
portugueses um povo extremamente católico, o bacalhau passou a ser uma opção
óbvia para a Sexta-Feira Santa, data na qual os católicos praticam abstinência
de carne vermelha.
Evidentemente que com o
passar dos anos e com o advento de novas tecnologias (hoje até bacalhau já
dessalgado você encontra), o bacalhau foi se “popularizando”, mas bem assim,
entre aspas. O fato é que, com o preço
cobrado hoje pelo Gadus morhua conservado em sal, bem como o das suas
variações, a iguaria jamais voltou a ser considerada como comida de pobre.
Claro, é possível encontrar opções mais em conta, mas como mencionamos acima,
aí não é bacalhau e sim “tipo bacalhau”.
E já que você está em nossa
plataforma, vá até a barra de procura e digite “bacalhau”. Você vai encontrar
mais de 20 receitas para a sua Sexta-Feira Santa ficar bem mais gostosa. Não
querendo nos gabar, mas a Tarimba na Cozinha é uma santa ajuda nessas horas.
Se já for usuário Tarimbado
é só clicar nos links abaixo:
Posta de Bacalhau Grelhada no Azeite
Bacalhau com Brócolis e Pimentão Assado
Bacalhau Gratinado com Couve-flor
Bacalhau ao Creme de 3 Queijos
Lasanha de Bacalhau e Brócolis
E se sobrar bacalhau, veja o
que fazer com ele em nossas receitas de reaproveitamento:
Salada de Grão-de-bico e Bacalhau
Panqueca de Bacalhau e Brócolis
Em uma pesquisa sobre o
consumo de bacalhau que realizamos há pouco mais de um ano, perguntamos:
“Como você define seu perfil
de consumo de bacalhau?”
Veja o resultado abaixo:
Nunca comeu |
9,70% |
Experimentei, mas não gostei |
14,07% |
Como raramente |
22,43% |
Consumo basicamente em datas especiais |
40,11% |
Adoro e como com frequência |
8,75% |
Outros |
4,94% |
E você, qual é o seu perfil
de consumo de bacalhau?
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Sobre o autor: Fábio Victória é publicitário e
cronista.
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Imagem de capa: Bacalhau Confitado no Azeite com Alho, servido com Batatas ao Murro (Foto Tarimba na Cozinha)