A origem da batata

A batata é, atualmente, o quarto alimento mais consumido no mundo. Mas nem sempre foi assim. Originária da região dos Andes, já era consumida por povos nativos há cerca de 8000 anos atrás. Somente a partir do século XVI foi introduzida, pouco a pouco, nas culturas europeias. Já existia antes disso em algumas regiões da Europa, porém sua produção era destinada exclusivamente à alimentação de animais.

Por ser uma planta bastante resistente a baixas temperaturas e de fácil adaptação em diferentes climas e altitudes, ela desempenhou um papel importante em períodos marcados pela miséria, decorrente de mudanças climáticas e guerras, e passou a ser um dos alimentos mais importantes até meados do século XIX, inclusive por ser de baixo custo.

Os cereais tinham bastante destaque na Europa Ocidental. Eram alimentos nobres, juntamente com seu subproduto: o pão. Textos dos anos 1770 mostram que em algumas regiões da França, as batatas substituíram os grãos. Na escassez deles, quem não podia comprar pão o ano inteiro, consumia então batatas.

A batata chegou ao Brasil pelos colonizadores espanhóis, que a tinham como base de sua alimentação em solos brasileiros.

Atualmente sua produção mundial ultrapassa 330 milhões de toneladas por ano. A China é o maior produtor, seguido pela Índia, Rússia, Ucrânia, Estados Unidos e Alemanha. O Brasil ocupa o vigésimo lugar nesse ranking.

As variedades de batata mais consumidas

Existem mais de três mil tipos de batata no mundo. A diferença entre elas não está somente na aparência, mas também na quantidade de amido, água e nutrientes presente em cada uma. Os tipos com menos amido são ótimas para serem cozidas e as que possuem muito amido, portanto mais “farinhentas”, ficam melhores quando fritas ou assadas.

Inglesa (monalisa ou ágata) – é a mais conhecida. Assim chamada, porque os ingleses foram um dos primeiros povos europeus a demonstrarem interesse em seu cultivo e consumo cotidiano, o que se dava já a partir de pequenas hortas caseiras no século XVI. Essa variedade de formato oval e para usos diversos, tem a casca e polpa bem claras. Contém baixo teor de amido, boa opção para a nossa receita de purê de batata ou para a batata cozida com manteiga e parmesão.

Bolinha – é a versão miniatura da batata inglesa. Mesmo sabor e quantidade de água e amido também muito parecidos. Muito boa para assar, cozinhar e fazer conservas. Experimente  na receita de coelho com legumes e vinho.

Asterix – com formato muito parecido ao da inglesa mas com casca rosa avermelhada. Tem bastante amido e pouca água. Ótima opção para o nhoque e também para fritar.

Baraka – é aquela batata mais suja que encontramos nos mercados. Ela possui mais amido na sua composição, então é muito boa para fritar.

Yacon* – é um tipo de batata rica em fibras insolúveis, por- tanto a melhor das opções para quem precisa controlar a glicemia. Tem sabor ligeiramente doce, é mais comprida e possui interior alaranjado.

Batata doce* – existem vários subtipos: amarela, roxa, branca, rubissol (aquela mais conhecida, de casca rosa e interior esbranquiçado). Sua composição é bem diferente dos outros tipos de batata. Mesmo sendo mais calórica que a batata inglesa, ela possui maior quantidade de fibras e também de amido resistente (componente com propriedades semelhantes às das fibras e que também não são digeridas pelo organismo, mas é excelente para a saúde do intestino, além de apresentar outros benefícios para a saúde).  Você pode testar na nossa receita de chips de batata doce ou mesmo inovar a receita do purê de batata doce utilizando a versão roxa ou laranja da batata doce.

Baroa* (ou mandioquinha) – com sabor mais acentuado, característico e bem diferente dos outros tipos de batata. Inclusive em algumas regiões do país ela não é nem lembrada como parte da família das batatas e é chamada de mandioquinha. Um clássico é a receita de creme de mandioquinha.

Aspectos nutricionais das batatas em geral

Em 100g de batata inglesa cozida temos: 52kcal, 11,9g de carboidratos, 1,2g de proteínas, 0,1g de gorduras e 1,3g de fibra alimentar.

Em 100g de batata doce cozida temos: 77kcal, 18,4g de carboidratos, 0,6g de proteínas, 0,2g de gorduras e 2,2g de fibra alimentar.

A batata possui vitamina C e as do complexo B, mas são valorizadas e também demonizadas por serem excelente fonte de energia.

Muitas pessoas que querem emagrecer restringem o seu consumo. Do ponto de vista nutricional, não há nada de errado em incluir batatas na sua rotina alimentar, mesmo se você quiser perder peso. O importante é saber quando, quanto e como comer.

O benefício está sempre na quantidade e na forma como o alimento é preparado, se será frito, assado, cozido, com molho, se vai fazer parte de uma composição ou se será consumido sozinho.

O famoso frango com batata doce virou um ícone fitness. Vale lembrar que essa combinação não tem nada de milagrosa e diferente; ela é apenas uma das inúmeras opções de combinações de boa fonte de carboidrato para reposição energética e proteína de boa qualidade.

Como comprar e armazenar as batatas

Na hora de escolher batatas, pegue as que não tenham odor nem pontos verdes ou brotos.

Pode ser conservada fora da geladeira, em local fresco, arejado e protegido do sol ou excesso de luminosidade por até 2 semanas.

Curiosidades e dicas sobre a preparação de batatas

Uma curiosidade sobre as batatas está em como o seu amido é armazenado dentro de suas células. Eles ficam em “pacotinhos”. Possuem uma consistência gelatinosa, formando minúsculos pacotinhos de goma. Quando cozinhamos em água, esses pacotinhos absorvem água da panela e alguns estouram. Ao passar as batatas pelo processador, as lâminas acabam de vez com todos eles e o purê vira aquela “cola”. Para evitar que isso aconteça, duas dicas:

        1)  não deixe as batatas cozinhando por muito tempo, isso aumenta a chance de algumas células de amido permanecerem intactas

        2)  amassar o mínimo possível, com bastante delicadeza, para então termos um purê aveludado e gostoso.

* Embora também chamadas de batatas, a baroa e a yacon tem classificação biológica bem diferente, quando comparadas às batatas de fato. Elas fazem parte da mesma classe, porém são de ordem, família, gênero e espécies diferentes da batata inglesa e seus subtipos. Já a batata-doce é da mesma classe e ordem, porém são de diferente família, gênero e espécie da batata inglesa e seus subtipos.

Sobre a autora: Luisa Mascarenhas é Nutricionista (CRN 26381)

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Imagem de capa: Batatas em gomos assadas com a casca e um toque de páprica (Tarimba na Cozinha)