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04/02/2023

Você já ouviu falar das PANCs?

 

A origem das PANCs

Plantas alimentícias não convencionais foi um termo criado em 2008 pelo biólogo e professor Valdery Ferreira Kinupp, um dos autores do livro “Plantas Alimentícias não Convencionais no Brasil”, uma grande enciclopédia sobre esse tipo de alimento.

São plantas que possuem uma ou mais partes comestíveis, cultivadas ou de crescimento espontâneo, nativas ou exóticas e que não estão incluídas no cardápio do dia a dia da região.

O termo é bastante complexo, pois uma vez nessa categoria, isso não significa que a planta é uma PANC em todo o país (ela pode ser comumente consumida em alguma região e em outra ser considerada uma PANC) e certamente ela não será encontrada facilmente em mercados do local onde for considerada PANC.

Eu não poderia falar de PANCs e deixar de falar sobre a nutricionista Neide Rigo, que mesmo antes da criação do termo já falava de plantas que poderiam ser habitualmente consumidas, mas não são.

No Brasil existem pelo menos três mil espécies de PANCs e estima-se que pelo menos 10% dos vegetais da flora nativa sejam alimentícias.

Tendo em vista as questões ambientais e climáticas, é urgente que se fale sobre esse “tipo” de plantas comestíveis, pois a base da alimentação humana se restringe a pouquíssimas espécies que são cultivadas a partir das sementes de algumas poucas empresas, através do sistema de monoculturas (extensas plantações que causam prejuízos enormes ao solo, meio ambiente e à saúde dos trabalhadores rurais). As PANCs são resistentes, possuem relevante valor nutricional, não necessitam de insumos químicos, interagem com as demais plantas, promovendo a biodiversidade, que é fundamental para preservação do meio ambiente.

 
Tipos e aspectos nutricionais

Aqui vou citar apenas algumas das mais de três mil PANCs existentes no Brasil.

 

Beldroega/ Bredo de porco/ Onze horas (Portulaca oleracea) – rica em ômega-3, betacaroteno e vitamina C. Pode ser consumida crua na salada ou cozida.

 

Capuchinha (Tropaeolum majus) – rica em vitamina C e em poderosos antioxidantes como antocianina, carotenoides e flavonoides. As folhas podem ser consumidas cruas ou cozidas e as sementes podem ser usadas para fazer conservas ou tostadas e moídas, substituindo pimenta-do-reino.

 

Dente de leão (Taraxacum officinale) – rica em ferro, potássio e vitaminas A, C e do complexo B. Folhas e raízes podem ser consumidas cruas ou refogadas.

 

Ora pro nobis/ Carne de pobre (Pereskia  aculeata) – as folhas possuem cerca de 25% de proteínas, sendo que 85% dessas proteínas estão numa forma que conseguimos digerir (biodisponível). Então, em 100g de folhas encontramos cerca de 25g de proteínas, sendo mais ou menos 21g de proteínas biodisponíveis. Possui também cálcio, fósforo, ferro, vitaminas A, do complexo B e vitamina C.

Podem ser consumidas cruas ou refogadas.

 

Picão/ Carrapicho (Bidens pilosa) – rico em antioxidantes, proteínas, fibras, magnésio e cobre. Ramos jovens e folhas podem ser consumidos crus, cozidos e em forma de infusão (chá).


Taioba (Xanthosoma sagittifolium) – as folhas são ricas em fibras, cálcio, magnésio e vitaminas do complexo B (principalmente B2 e B6) e C. Os rizomas são ricos em energia e fontes de carotenoides. Não é recomendável o consumo das partes cruas, pois as folhas possuem grande quantidade de ácido oxálico, podendo apresentar efeito tóxico. Com os rizomas são preparados purês ou frituras.


Peixinho (Stachys byzantina) – é da família do manjericão, tomilho e orégano. Após o preparo tem textura e sabor de lambari, um tipo de peixe. É rica em fibras, ferro, potássio e cálcio. Pode ser consumida crua na salada, à milanesa como um peixe frito ou até na forma de chá. Super versátil e nutritiva.


Tanchagem (Plantago major, Plantago lanceolata, Plantago australis) – riquíssima em fibras solúveis e insolúveis, auxilia na regulação e bom funcionamento do intestino, redução de glicemia e colesterol LDL. Pela quantidade de fibras presente, deve-se informar ao médico o seu consumo, pois pode interferir na ação de medicamentos de maneira importante. Pode ser consumida cozida ou crua, em bolinhos, refogados, molhos e saladas.

 

Curiosidades sobre as PANCs

Em algumas cidades existe o Projeto Hortas Urbanas, onde há uma variedade de PANCs e outros vegetais cultivados. Procure saber se na sua cidade fazem essas hortas em espaços urbanos, como praças e até canteiros, para que você conheça de perto esse tipo de planta alimentícia.

Algumas lojas que vendem mudas de plantas podem ter as PANCs para vender. Geralmente elas se adaptam a diversos tipos de clima e são fáceis de cuidar.

 

Sobre a autora: Luísa Mascarenhas. Nutricionista. CRN 26381


Sites com informações interessantes sobre Hortas Urbanas:

Cidades Sem Fome

Viva Decora

ARCAH

Embrapa

 

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Imagem de capa:  Fotomontagem feita a partir de imagens da Wikimedia Commons, de autores diversos, licenciadas em CC BY-ND

1. Beldroega/ Bredo de porco/ Onze horas (Portulaca oleracea)

2. Capuchinha (Tropaeolum majus)

3. Dente de leão (Taraxacum officinale

4. Ora pro nobis/ Carne de pobre (Pereskia  aculeata)

5. Picão/ Carrapicho (Bidens pilosa)

6. Taioba (Xanthosoma sagittifolium)

7. Peixinho (Stachys byzantina)

8. Tanchagem (Plantago major)

9. Tanchagem (Plantago lanceolata)

10. Tanchagem (Plantago australis)

 




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Comentários


Avatar Tarimba
MARIA CRISTINA KOPKE SALINAS
Tenho taioba plantada no jardim. É uma folhagem bonita, que gosta de umidade, e " some" durante o inverno para ressurgir no verão. Pode ser usada no lugar do espinafre ou da couve, quando na falta dessas, mas tem um sabor bem suave ( cá entre nós, meio sem graça!)
18/04/2023 - 22:53
Responder



Avatar Tarimba
Jorge Henrique Nogueira Lima coelho
Perfeito !! Essa informação e de extrema necessidade , principalmente em um momento onde a fome atinge MILHÕES no mundo . E isso só vem a acrescentar a qualidade e bom gosto das informações do tarimba na cozinha. Obrigado ao senhor André Victoria e a equipe do TARIMBA NA COZINHA .
04/02/2023 - 13:13
Responder



Avatar Tarimba
Doris Terezinha Loff Ferreira Leite
Muito interessante. Convivemos com várias dessas plantas sem saber a sua utilidade nutricional!
04/02/2023 - 12:17
Responder







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