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11/11/2021

Arqueológico, onipresente, energético ou, simplesmente, trigo.

 

Se na postagem anterior falamos da massa, nessa vamos falar de um elemento que é parte essencial dela. Não só dela, mas também é parte essencial na História da humanidade, sendo um dos principais responsáveis pela nossa transformação de tribos nômades de caçadores-coletores em agrupamentos fixos e sedentários, que vieram dar nas cidades em que vivemos hoje. Sim, o trigo é considerado um dos dez elementos que moldaram a humanidade como a conhecemos nos dias de hoje. Não é pouca coisa. Aliás, tudo que se relaciona ao trigo tem números histriônicos. A começar pela origem da relação desta gramínea conosco, os bípedes, que até então andavam vagando por aí caçando animais e colhendo frutinhas de árvores e arbustos para suprir suas necessidades alimentares diárias. Quando foi isso? Já há 10 mil anos.


Como tudo começou

O trigo é uma gramínea que começou a aparecer logo após o final da era glacial em regiões do planeta onde hoje são o Oriente Médio e o norte da África. O trigo desta época era uma planta selvagem, bem diferente da que conhecemos e plantamos nos dias de hoje. Ao que parece, esses caçadores-coletores começaram a perceber que os animais se alimentavam com essa gramínea e então resolveram experimentar, primeiramente misturando a semente com carne. Percebendo que o sabor desta ficava suavizado por causa disso, o trigo começou a sua jornada pelo planeta, graças aos nossos ancestrais.  É possível que ao coletar essas sementes para misturar à carne, os primeiros homens acabavam deixando cair parte delas pelo caminho. Assim o trigo começou a nascer e fazer parte da paisagem por onde nossos ancestrais costumavam passar em busca de comida. Daí para entender que eles podiam plantar o trigo  para depois desenvolver as técnicas de moagem e, em consequência disso, estabelecerem-se em um lugar só, foi questão de tempo. O trigo transformou o homem em agricultor. E assim começou a nossa vida sedentária. Em seu livro Sapiens,  Yuval Harari nos mostra um ponto de vista curioso sobre o trigo. Na visão dele, não domesticamos o trigo, mas sim, fomos domesticados por ele. E não foi graças ao trigo que passamos a morar em casas em vez de andar por aí à procura de caça?


O Onipresente

Pra onde quer que você olhe, tem alguma coisa com trigo. Como farinha, é a base para milhares de versões de bolos e pães (só na Alemanha são mais de 3 mil tipos de pães) e também em todas as versões de massas. Como grão, está em várias receitas de saladas. Fermentado, está na cerveja. Destilado, está em vodcas, gins e até em alguns uísquesAqui na Tarimba na Cozinha nem se fala. O trigo está em um número fenomenal de receitas para o seu deleite e dos seus familiares e convidados. Aliás, essa onipresença do trigo leva a outras marcas astronômicas. Ele é a base da alimentação de um terço da população mundial e é responsável, sozinho, por 15% do consumo global de calorias. O total de áreas cultivadas apenas com trigo no planeta é dez vezes o tamanho do Estado de São Paulo, ou, pra quem gosta de números, 2,25 milhões de quilômetros quadrados.


Glúten

O trigo, assim como outras plantas, como a cevada por exemplo, contém glúten, que é uma proteína (na verdade a combinação de duas proteínas: a gliadina e a glutenina) que empresta aquela elasticidade às massas e pães. Porém, devido a uma condição chama doença celíaca, muitas pessoas são intolerantes a estas proteínas, o que levou a indústria alimentícia a criar a versão destes alimentos sem glúten. Lembra que falamos que é por causa do glúten que alguns alimentos que levam trigo têm uma certa elasticidade? Pois é, se você já provou alguma versão sem glúten destes alimentos vai notar que eles se tornam quebradiços e mais farelentos. Só o glúten daria assunto pra um post inteiro, já que anda nas discussões sobre saúde mundo afora, com direito a ter uma prateleira especial dedicada a produtos sem glúten nos supermercados. Mas no final, tudo em termos de alimentação (aliás, em qualquer coisa na vida) é uma questão de equilíbrio.

Nosso texto encerra por aqui, embora o assunto esteja longe de ser encerrado. Mas resumir mais de 10 mil anos de história em um texto deste tamanho é tarefa impossível. Quem sabe a gente não fala mais em outro post?


Sobre o autor: Fábio Victória é publicitário e cronista.

 

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Imagem de capa: Pixabay. Creative Commons Attribution.



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