Seja bem-vindo ao blog dos Tarimbados, onde exploramos com mais detalhes as técnicas, dicas, truques e sugestões que fazem a diferença na cozinha.
Voltar28/06/2022
Nos anos 60 do século passado, o filósofo Marshall
Mcluhan cunhou o termo Aldeia Global, que abarcava o conceito de
interdependência entre os povos de todo o planeta. Basicamente, um tiro
disparado, por exemplo, na Ucrânia pode afetar lugares que vão bem além das
fronteiras daquele país. Ou seja, o planeta é uma enorme aldeia, como eram as
aldeias no início dos agrupamentos humanos, com uma "pequena” diferença:
naquelas viviam dezenas ou centenas de pessoas, enquanto nessa aldeia moderna
já somos sete bilhões. Obviamente que essa é uma comparação simplória, visto
que as relações hoje são bem mais intrincadas. Mas de certo modo, as lógicas
seguem as mesmas, principalmente quando se fala de produção de alimentos. Ainda
hoje, inúmeros fatores podem afetar a produção dos alimentos. Naquela época,
apelávamos aos deuses para termos uma colheita satisfatória para todos. Nessa
aldeia atual o deus é outro e é muito mais complexo. Seu nome é mercado.
Estamos vivendo no momento um conflito entre Rússia e
Ucrânia. Como falamos anteriormente, esses tiros estão atingindo o nosso dia a
dia aqui no Brasil e em quase todos os países. Rússia e Ucrânia são
responsáveis por 29% das exportações mundiais de trigo, 19% da oferta de milho
e 80% do óleo de girassol, além de serem são grandes produtores de outros
cereais como aveia, centeio e cevada. Uma das leis mais repetidas do mercado
é que quando há escassez de oferta os preços sobem. E esses produtos são base
para a produção de inúmeros outros alimentos. Claro que há outros fatores, como
as políticas adotadas por cada país. Hoje, no Brasil por exemplo, há uma grande
polêmica sobre a volta ou não dos “estoques reguladores". O fato é que políticas
são feitas de escolhas e cada país tem a sua para alimentos. Mas também não é
só a política alimentar adotada que faz o aumento de preços em certos países
ter menos impacto na população do que em outros. O próprio tamanho da renda
média das famílias deste ou daquele país funciona como fator diferenciador, ou
seja, em países com maior média de renda familiar, o impacto do aumento de
preços nos alimentos é menor, ao contrário de países com média de renda
familiar menor, onde o impacto é maior, visto que, nesses, a alimentação é que
“come” uma porção muito maior dos salários todo o mês.
Uma guerra como essa cria um tsunami que pega não só o custo dos alimentos, mas também dos produtos que impactam no preço final desses. O preço do petróleo, por exemplo, é um deles. No Brasil, onde o transporte é feito basicamente por via rodoviária, o preço do diesel (aumento de mais de 50% nos últimos 12 meses segundo o IBGE) vai pra conta final do preço dos alimentos. E qualquer conflito desse tamanho, que impacta países como a Rússia, grande produtora de petróleo, sempre vai mexer com o preço dessa commodity*. Outro produto diretamente relacionado com os alimentos é o gás de cozinha, que também acaba sofrendo efeitos causados pelo conflito, na medida em que, no Brasil, é usado essencialmente o GLP (gás liquefeito do petróleo). E ainda temos um problema adicional, que impacta o futuro da produção de alimentos: tanto Rússia quanto Ucrânia são grandes exportadores de fertilizantes, o que certamente vai impactar o preço dos alimentos que ainda estão por serem produzidos.
Abaixo, o comportamento do preço, em reais, de março de 2021 a março de 2022, da cesta com os 35 alimentos mais consumidos pelos brasileiros, segundo estudo da ABRAS - Associação Brasileira de Supermercados:
O Banco Mundial aponta quatro linhas de ação que podem ajudar a diminuir os impactos dessa e de outras crises alimentares que, por certo, teremos que enfrentar. São elas: a manutenção do comércio de alimentos, apoio aos consumidores e às famílias mais vulneráveis com uma rede de proteção social, apoio aos agricultores e pensar em alternativas que compreendam desde a derrubada de certas barreiras comerciais até o uso de tecnologia para produção em massa de insumos como fertilizantes naturais. Uma outra medida que está ao nosso alcance nós já falamos aqui no blog: evitar o desperdício de alimentos.
A Tarimba na Cozinha pode ser um auxílio valioso para você enfrentar esse aumento de preços. Por exemplo, você pode optar por substituir ingredientes que estão caros por outros mais em conta, mesmo que não saiba muito como usá-los. Basta digitar o nome do ingrediente na barra de procura e você vai ver várias opções de receitas com ele. Você também pode recorrer às receitas com o sinal + ao lado do nome. Isso significa que ela usa ingredientes de reaproveitamento, ou partes normalmente descartadas, como talos de verduras e legumes, e cascas de frutas, assunto que, aliás, já tratamos em outro texto aqui do blog. Uma coisa é certa, são maneiras deliciosas de economizar na cozinha, isso a gente garante.
Sobre o autor: Fábio Victória é publicitário e
cronista.
Se ainda não for um Tarimbado, CADASTRE-SE agora e acesse nossas receitas e todas as demais facilidades da plataforma GRATUITAMENTE.
Imagem de capa: Pixabay royalty free