A origem do tomate

O tomate é um fruto de origem americana, inicialmente consumido pelos incas, que o cultivavam na região dos Andes e que somente chegou à Europa após a colonização das Américas.

De acordo com historiadores de alimentos, no século XVI ou XVII o tomate chegou à Itália, Espanha e algumas regiões da França, mas foi somente no fim do século XVIII ou no início do século XIX que ele ficou conhecido em toda a Europa. Ficar conhecido não significa ser aceito. Ainda no século XIX, alguns povos nórdicos não gostavam desse vegetal, que foi até considerada uma planta tóxica por alguns botânicos alemães.

Atualmente é produzido em mais de 170 países, desde os de altitude mais elevada, como Canadá e Rússia, como também os próximos à linha do Equador, como Colômbia e Nigéria. Com isso, quase 180 milhões de toneladas são produzidas por ano, numa área de quase 5 milhões de hectares espalhados pelo planeta.

A China é o maior produtor de tomates do mundo, com uma produção anual de mais de 55 milhões de toneladas. O Brasil ocupa o nono lugar no ranking da produção mundial, com pouco mais de 4 milhões de toneladas por ano. Aqui, 35% da produção é destinada à indústria, para preparação de molhos e extratos, e o restante é para consumo in natura.

Entre os maiores produtores nacionais destacam-se São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Paraná e Santa Catarina.

As variedades de tomate mais conhecidos

O tomate está presente na mesa de praticamente todas as regiões do planeta, seja na forma de salada, molhos ou extratos.

Conheça os diferentes tipos:

Carmem ou salada– é o mais comercializado no país, bom para saladas, mas não é a melhor opção para molhos, pois possui muita água em sua composição, deixando o molho mais alaranjado e não muito saboroso. Conhecido por durar bastante. Ótima opção para salada de lentilha ou tabule à moda brasileira.

Caqui – é o maior em tamanho, de cor intensa e bastante saboroso. Bom para vinagrete e salada, boa acidez, mas também não é a primeira opção para fazer molho. Ideal para o preparo da salada caprese e o nosso vinagrete.

Holandês – é o encontrado em forma de ramo, parecendo um cachinho de tomates grandes. Ótimo para salada por ser mais adocicado. Experimente usá-los no tartar de tomate e na salada de frango com abacate.

Débora – tem consistência mais firme e é um ótimo coringa, pois é boa opção para salada e bom para molhos também. Boa pedida para o arroz de forno vermelho com queijo.

Italiano – comprido, de cor vermelha mais intensa. Perfeito para molhos e saladas, acidez equilibrada e com menos sementes que o Débora. Bem mais sensível que o tomate Carmem, estraga com mais facilidade. Na próxima vez que fizer o molho pomodoro ou o sugo, recomendo que use esse tipo de tomate.

Cereja – pequenino e redondinho, com bastante água. É aquele que geralmente estoura na boca quando comemos. Bom para canapés, saladas e espetinhos, como o de vegetais e tofu e o de filé com tomatinhos e champignon.

Sweet grape – pode-se dizer que é a versão mini do tomate italiano. É pequenino como o cereja, mas não é redondo, é mais alongado, docinho e com menos água. Ótimo para salada, aperitivos, canapés e molhos. Perfeito para fazer o macarrão à jato com tomate cereja e manjericão.

Aspectos nutricionais dos tomates em geral

Em 100g de tomate temos: 15kcal, 3,1g de carboidratos, 1,1g de proteínas, 0,2g de gorduras e 1,2g de fibra alimentar.

Além de ser um alimento extremamente versátil, é também bastante nutritivo. Rico em vitaminas A, C, antioxidantes, potássio e magnésio. O que mais se ouve falar é que o tomate é rico em licopeno e isso é verdade. Esse nutriente é importante por ser um potente antioxidante, com função possivelmente associada à redução do risco de certas doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares, e contribui também na prevenção do câncer de próstata. Porém mais estudos precisam ser realizados para concluir os seus efeitos.

O licopeno está presente em um número limitado de alimentos, e, além disso, o organismo não é capaz de produzi-lo; assim, esse nutriente é obtido exclusivamente por meio da alimentação. A quantidade sugerida de ingestão de licopeno varia de 4 a 35mg/dia.

A absorção de licopeno parece ser maior em produtos que utilizam tomates cozidos. Além disso, algumas fibras, como a pectina, podem reduzir a absorção de licopeno devido ao aumento da viscosidade.

Em 100g de tomate cru, temos pouco mais de 2,5mg de licopeno, enquanto na mesma quantidade de molho de tomate feito em casa e de tomate seco, temos quase 28mg e quase 46mg de licopeno respectivamente.

Os tomates são fonte de umami

Todos conhecemos como gostos básicos do paladar o doce, o salgado, o azedo, o amargo e bastante gente ainda desconhece o umami. Considerado como o quinto sabor, foi descoberto no início do século XX e reconhecido pela sociedade científica somente no início do século XXI. O umami possui características bastante interessantes que estão diretamente ligadas com a melhor aceitação alimentar, como o prolongamento do sabor e aumento da salivação. Esse sabor está presente em diversos alimentos que usamos no dia a dia e o tomate maduro e o tomate seco estão no topo dessa lista. Você pode usar a ciência para também te ajudar na cozinha do dia a dia, incluindo esses ingredientes na medida certa para fazer pratos ainda mais saborosos.

Tomates e agrotóxicos

Por ser um fruto muito suscetível a pragas, é muito comum o uso de agrotóxicos no cultivo do tomate. Esses venenos utilizados na produção de alimentos deveriam ter maior rigidez na fiscalização aqui no Brasil, pois os riscos para saúde são grandes e podem ocasionar problemas em curto, médio e longo prazo, tanto para quem manipula e tem contato direto com esses venenos, quanto para quem consome e tem essa exposição pequena, porém prolongada e frequente.

Como o tomate está sempre presente nessas listas de alimentos que possuem mais agrotóxicos (em quantidade e variedade), recomendo fortemente que, se você puder, compre as versões orgânicas, que são cultivadas sem venenos, ajudando assim a preservar a sua saúde, a dos agricultores e o meio ambiente também.

Não existe receita para eliminar ou mesmo reduzir a quantidade de agrotóxicos dos alimentos. Aquelas receitinhas caseiras com bicarbonato, iodo, água oxigenada e outros produtos químicos podem inclusive afetar o bom funcionamento da sua tireoide.

Curiosidade

Você sabia que no dia 1º de fevereiro é comemorado o dia nacional do tomate?

Que tal comemorar preparando uma das receitas que destacamos mais acima?

Sobre a autora: Luisa Mascarenhas é Nutricionista (CRN 26381)

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Imagem de capa: Tomates no mercado (Tarimba na Cozinha)