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21/04/2022

As Carnes Vermelhas

 

Quando começamos a comer carne

Os primeiros hominídeos, na pré-história, há cerca de 1,5 milhões de anos já consumiam carne, mas não se sabe se caçavam ou roubavam carcaças. O homem pré- histórico também consumia folhas, frutas e grãos e na revolução neolítica e com o aparecimento das primeiras civilizações, à medida que foram desenvolvendo criações de animais, diminuiu o consumo da carne vinda da caça.

O desenvolvimento da agricultura e a criação de animais teve início no Oriente Médio e dali se estendeu rapidamente para outras regiões mediterrâneas, enquanto mais ao norte da Europa, os produtos da caça e coleta continuaram predominantes até depois da era cristã, o que favoreceu também uma alimentação mais equilibrada nessas regiões.

A construção dos rituais de alimentação começaram há muitos anos e na época dos banquetes mesopotâmicos, a carne fresca era um dos alimentos indispensáveis nessas ocasiões festivas.

Apesar desse costume, muitas civilizações não consumiam carne na frequência como fazemos nos dias de hoje. A carne tinha papel secundário na alimentação greco-romana, por exemplo. Além disso, o carneiro era criado por causa da lã e o boi para puxar o arado ou carroças, inclusive sendo proibido o seu abate. Segundo alguns autores, as antigas leis atenienses puniam a matança desses animais tão duramente quanto o homicídio, pois eles classificavam o boi como um animal humano.

 

A evolução da produção e consumo de carne no mundo

A partir da alta Idade Média é que a criação de bois começou a ter uma certa importância para alimentação.

Não existe dúvida que o consumo aumentou no decorrer dos séculos XIX e XX. Já a partir de 1938 era possível distinguir um grupo de países como grandes consumidores de carne, com consumo diário entre 100 e 200g por pessoa nos Estados Unidos, na maioria dos países europeus não mediterrâneos e alguns da América do Sul.

A Índia é o maior produtor de carne do mundo. Em seguida vem o Brasil, Estados Unidos, China, União Europeia, Argentina e Austrália.

De acordo com o último censo agropecuário nacional, realizado em  2017, o Brasil tem 5 milhões de estabelecimentos rurais (áreas destinadas à lavoura ou pastagens) que ocupam cerca de 41% de todo o território nacional. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, a pecuária é líder em desmatamento e responde por 75% desse processo em terras públicas da Amazônia.

 

Aspectos nutricionais

Em 100g de carne bovina magra cozida temos: 222kcal, 0g de carboidratos, 32g de proteínas, 9g de gorduras e 0g de fibra alimentar.

Enquanto que em 100g de carne bovina gordurosa cozida podemos ter: 338kcal, 0g de carboidratos, 24g de proteínas, 26g de gorduras e 0g de fibra alimentar.

Carnes vermelhas são consideradas proteínas de alto valor biológico, ricas em vitaminas do complexo B e minerais, como ferro e zinco. O seu consumo está associado à prevenção de anemia, porém, quando excessivo, se associa ao aumento do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer.

Carnes processadas, como bacon, presunto, salsicha, linguiça, salame e outros estão na lista do Instituto Nacional de Câncer (INCA) desde 2007 como cancerígenos. Recomendamos que seu consumo seja evitado pois aumentam o risco de câncer em humanos. Estima-se que o consumo diário de 50g desse tipo de carne aumente em 18% o risco de câncer colorretal.

Já as carnes vermelhas em geral estão no grupo de prováveis carcinógenos, onde as evidências apontam para um consumo recomendado de até 500g de carne cozida, assada ou ensopada por semana, pois o excesso de ferro heme* pode facilitar o desenvolvimento do câncer de intestino (cólon e reto), por exemplo.

Experimente algumas receitas de nossa plataforma com carnes magras como o espetinho de filé com tomatinhos e champignon e o picadinho carioca.

 

*Ferro heme é o tipo de ferro presente nas células vermelhas do sangue, por isso só é encontrado em carnes (vermelhas, frango e peixe). Os vegetais também possuem ferro, mas não o heme. Quando comparamos os dois, o ferro heme é melhor absorvido pelo organismo do que o ferro não heme.

 

Questões ambientais envolvendo a produção de carne

A carne é um dos principais produtos de exportação do nosso país e isso tem nos gerado um custo ambiental grande. A expansão da pecuária com pouca fiscalização e aparentemente facilitada por grupos políticos gerou enorme desmatamento, contaminação de recursos hídricos e solo, além de utilizar trabalho análogo à escravidão, dentre outros prejuízos que não há como reparar. Não menos sério, vale lembrar que a pecuária é responsável pela emissão de gases poluentes que aceleram o processo de aquecimento global.

A pecuária, apesar de sua importância econômica, é uma atividade com graves problemas ambientais. A forte intervenção do homem na natureza tem impactos negativos gravíssimos, gerando grande preocupação mundial no futuro do planeta.

Para produzir 1 quilo de carne bovina são necessários 15mil litros de água.

Por esses motivos, atualmente temos ouvido muito falar sobre produção mais responsável e consumo consciente da carne vermelha.

Todos somos responsáveis pelo que consumimos e caso essas escolhas não sejam pensadas, os prejuízos podem ser irreparáveis, pois os recursos naturais irão se esgotar, tornando o meio incompatível com a vida.

 

Consumir menos carne por um mundo mais sustentável

Em 2018 o Greenpeace lançou um relatório sugerindo a redução de 50% no consumo de carne e laticínios até 2050, a fim de evitar a aceleração das mudanças climáticas. Uma sugestão para iniciar essa mudança é fazer a segunda-feira sem carne na sua casa e, nos outros dias, variar entre outras fontes de proteína, como frango, peixe, ovos, leguminosas como soja e derivados e também reduzir o tamanho das porções no prato. Além de aumentar a variedade de alimentos consumidos, diversos cereais e grãos combinados podem fornecer boa quantidade de proteínas também.

Algumas receitas da Tarimba vão te ajudar no preparo de pratos sem carne como por exemplo o hambúrguer de vegetariano, almôndegas de grão-de-bico e legumes aromáticos, quibe de lentilha de forno e almôndegas de carne de soja e casca de banana. Lembrando que você pode também usar o recurso do filtro por dietas, no botão “Afinar sua busca”, na sessão ENCONTRE RECEITAS, para ter acesso mais abrangente às nossas receitas sem carne (Vegetarianas, Ovo Vegetarianas, Lacto Vegetarianas, Ovo-lacto Vegetariana e Veganas).


Sobre a autora: Luisa Mascarenhas é Nutricionista (CRN 26381)

 

Se ainda não for um Tarimbado, CADASTRE-SE agora e acesse nossas receitas e todas as demais facilidades da plataforma, por um período de 60 dias de DEGUSTAÇÃO GRATUITA.

Depois da degustação você só se torna um assinante se quiser.

 

 

Imagem de capa: Uma peça de Filé Mignon limpa e dividida em alguns de seus diferentes cortes (Tarimba na Cozinha)



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Comentários


Avatar Tarimba
Juliane Löff
Muito bom o texto! Vou compartilhar! Gostaria de saber sobre a panc ora pro nobis. Dizem ter o valor nutritivo da carne. É verdade?
21/04/2022 - 17:10
Responder

Avatar Tarimba
Luisa Amendola Mascarenhas
Oi Juliane! A quantidade de proteínas da ora pro nobis é muito boa, a tornando uma excelente opção! Em 100g de ora pro nobis, podemos ter de 14 a 30g de proteínas, o mesmo que um bife! Importante dizer que essa quantidade pode variar dependendo do solo e condições de cultivo, quanto mais sombra e água fresca, maior é a quantidade de proteína da planta ;)
21/04/2022 - 17:10
Avatar Tarimba
Equipe Tarimbada
Equipe Tarimba na cozinha Obrigado por seu comentário e participação aqui no blog Juliane! A "carne de pobre", como é vulgar e preconceituosamente conhecida a ora-pro-nóbis, merece um artigo só para ela, dada a quantidade de peculiaridades dessa planta, que é da família dos cactos e das trepadeiras, só para citar uma delas. Você reparou que seu comentário foi postado, no dia feriado de Tiradentes, um dos nossos mais célebres Mineiros, terra onde a ora-pró-nobis, pode-se dizer, é mais conhecida e consumida? Nos aguarde!
21/04/2022 - 17:10






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